"Para meu filho esquizofrenico"

- O texto que vou apresentar foi escrito por uma mãe, cujo filho tem esquizofrenia. E como vivemos num momento onde “a novela das nove” apresenta o tema, seria mais uma forma de refletir sobre o assunto.


Meu moço bonito, de olhos azuis.


Você vive nas estrelas, mora na lua, viaja nas nuvens.
Você é o surfista da ilusão... Sobe à crista das ondas.
Sente-se o atleta, o poderoso, o profeta, o rei Salomão... Com sua mente delirante, divaga... Tudo faz, tudo pode e domina...
É o próprio Criador!
No mesmo instante, cai sem a prancha protetora no caos, no abismo da depressão.
E, na morte que o sufoca, pede, chora, suplica, implora.
Sente a ausência da vida, o abandono total, a escuridão...
Chora. Clama. Ora. Ama. E até odeia...
E a onda, indiferente, continua.
Ora sabe, ora desce, impiedosa.
Sabe?
Há alguém que viaja como você e chora com você;
Há alguém que se distrai com você e se ri de você;
Há alguém que se cansa de você e foge de você;
Há alguém que se preocupa com você;
Mas há alguém que vive e morre por você.
Nesta mistura de sentimentos, me perco, me procuro, me busco e me encontro.
E, quem sabe? Distrairia-me também, com a onda desconcertante de seus devaneios, se não fosse eu, a sua Mãe?!


(Janeiro/1990, Delisete M. Torres e Torres)
(filho com esquizofrenia)

Comentários

  1. Március,
    Achei muito legal o seu blog. Também tenho um, mas tá meio parado. Chama-se "Piticoisas".
    Abração.

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  2. Valeu Marcelo...
    Farei minha visita...rsrsrsrs
    abração

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  3. Estou emocionada com o poema.. D. Delizete é tia de meu falecido Marido, infelizmente só a vi uma única vez.
    Com a morte de meu marido e a de minha sogra, irmã dela, Antonia Torres, já não mais tenho notícias.
    Haveria meios de colocar-me em contato com ela ou algum de seus filhos?
    Edwiges, Brigida ou Bosco, se não me engano

    Maria José, viúva Paulo Wedson Torres

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