Alunos
e comunidade acompanharam debate e refletiram sobre a realidade dos professores
e estudantes
Debate foi acompanhado por alunos, diretores, professores, jornalistas e autoridades municipais no auditório do CAIC (Foto: Márcio Sabones) |
A direção da Escola Municipal
“Três Marias” (CAIC) e Pré Escolar Municipal “Ursinho Sabido” de São João
Nepomuceno tiveram a iniciativa de promover um debate educacional com o tema
“Violência na Escola”, na manhã da última sexta-feira (18), no auditório do
educandário para centenas de pessoas que compareceram e ficaram atentas com as
informações, relatos e experiências vividas por profissionais da educação em
diversas áreas.
Mesa de debate composta pelo Dr. Roberto Thomaz, a professora Flávia Alves, a psicóloga Patrícia Lawal e a pedagoga Queila Crescêncio (Foto: Màrcio Sabones) |
Para compor a mesa de debates, a pedagoga Queila Crescêncio,
coordenadora pedagógica da Escola Estadual Francisco Manoel, no distrito de
Taruaçu, a psicóloga da secretaria Municipal de Assistência Social, Patrícia
Lawal, a professora de Língua Portuguesa da E.E.”Profº Gabriel Arcanjo de
Mendonça” (Polivalente), Flávia Alves e o advogado e também professor
universitário, Dr. Roberto Thomaz.
Na abertura, a diretora do CAIC, Aline
Gerkein, o vice-diretor Walter Marcelo Gomes, professores da escola e um grupo
de alunas responsáveis pela recepção davam as boas vindas aos convidados. Ainda
foram registradas as presenças de autoridades como a vice-prefeita Dulcinéa
Reggi Barbosa e o sub-Tenente Rosseti da Polícia Militar.
Violência física, verbal e institucional na temática do encontro (Foto: Márcio Sabones) |
Nas falas iniciais
pela diretora e vice-diretor do CAIC, os agradecimentos pela presença da
comunidade. Em conversa com a nossa equipe, a diretora disse que a rotina
escolar é boa. “A escola tem trabalhado muito com o comportamento das crianças
e promovendo diversos eventos para orientá-los. Em 2016, apenas um problema foi
registrado de um desentendimento entre alunos, e no mais tudo segue com
tranquilidade. Claro, temos alguns problemas, mas nada de grave. A
vice-prefeita elogiou a iniciativa e ressaltou a importância do debate, pois o
tema é um apelo da sociedade e disse ficar feliz com a presença de tantas
representatividades sociais naquela manhã. Já nos pronunciamentos dos
convidados à mesa, as experiências de vida de cada um, dentro de sua área e
testemunhos.
Debate da mesa
Psicóloga Patrícia Lawal |
Patrícia disse que é preciso ver
o valor da escola para os alunos e a importância de suas formações. A realidade
da violência no dia a dia, e a descrença na lei, na polícia, as agressões
físicas e verbais nas relações: alunos x alunos, alunos x professores,
funcionários x diretores, entre outras que presenciamos em todo o país deve ser
vista com cautela e ainda comparou as diferenças da rotina escolar de décadas
atrás e agora. O bulling e a rotulação de alunos e professores.
“A mudança não
tem que vir somente do aluno, mas também dos professores e da escola. Ás vezes,
o próprio mestre tem na mente que um aluno é encrenqueiro, mas também deve ser
notado a origem desse comportamento. Em alguns casos, o aluno devolve na
escola, o que vê em casa, na rua ou bairro que vive e mora. Por isso, o
professor deve olhar o contexto do aluno e não estigmatizá-lo”, explicou.
Patrícia que ainda citou as mudanças devido ao ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), implantado nos anos 90 e o desenvolvimento social. Contudo,
segundo a psicóloga, o aluno de hoje tem voz, algo impossibilitado décadas
passadas, mas que infelizmente pouco aproveitado pelos atuais estudantes, e
daí, devido esta “proteção” se acham no direito na agressão física, psicológica
e institucional (depredações, invasões e furtos).
A pedagoga Queila utilizou a fala de Patrícia
no que diz respeito de observar a origem do aluno. “Devemos observar se o aluno
sofre violência em casa. A criança precisa de carinho, pois o problema externo
vem para a escola junto com ela”. Diante dessa fala, Queila comentou uma
experiência há alguns anos com uma criança numa creche, que chegava feliz na
escola chorava ao ir embora, e foi descoberto que o menino de 3 anos de idade
apanhava por parentes. Ainda sobre a modernização, o ECA e o desenvolvimento
social, a pedagoga disse que deve ser trabalhado junto aos pais, a questão de
liberdade das crianças. “Ter a liberdade não quer dizer que pode ter falta de
respeito e educação”.
Professora do Polivalente Flávia Alves |
Sobre a questão de desrespeito, o testemunho mais forte e
emocionante da manhã foi da professora Flávia que revelou três desagradáveis
situações acontecidas em sala de aula com ela e alunos. “Por duas vezes fui
ofendida com palavrão, uma no início de minha carreira, há 23 anos. Eu tinha
acabado de formar e sair da faculdade direto para uma sala de aula no
Polivalente. Um aluno mandou eu ir para aquele lugar, fiquei chocada, era muito
nova e estava preparada para ensinar o conteúdo da matéria a eles, e não de
encarar aquela situação, Na outra, o mesmo aconteceu, anos depois, só que com
uma menina. Fiquei triste, mas com o amadurecimento, a frase surtiu outro
efeito e tive mais facilidade de lidar. O pior episódio que tive faz uns quatro
anos, quando pedi um celular de um aluno dentro de sala de aula, respeitando
uma norma da escola. Não bastasse ignorar, o mesmo em fúria me ameaçou de
morte. Fiquei arrasada, conversei com os pais dele e nada. Até lidava bem com
este aluno antes, foi difícil passar esta fase que já foi resolvida
(emocionada); Daí eu pergunto: Até que ponto, nós professores também sofremos a
violência? Os alunos? Será a sala de aula uma violência aos alunos? Será que
pedir um celular, ou tirar o boné é uma violência a eles? Temos que entender
que são diversos tipos de violência que temos”, desabafou Flávia.
Advogado e professor Roberto Thomaz |
Complementando o raciocínio da professora, o advogado Roberto perguntou aos
estudantes presentes no encontro. “O que vocês acham da sua escola? O que vocês
querem para o futuro, daqui 20 anos? Reflitam”. O advogado aproveitou a sua
fala para parabenizar a Escola CAIC pela estrutura, os professores e a
iniciativa do debate e lembrou aos alunos daquela escola da bela escola que
eles estudam.
Contou de sua vida de estudante, sua projeção profissional devido
aos estudos e a importância de um bom relacionamento com os professores, os
grandes mestres de nossas vidas. Também alertou às crianças e adolescentes que não desistam de seus sonhos. “A maior
violência que eu enxergo é o boicote que vocês fazem sobre si mesmo”,
explicando sobre a desistência, a lamentação de autoflagelar em ter menos
condições financeiras e até mesmo viver em um lugar com problemas e
dificuldades. “Só você decide seu destino. Estude, aproveite a oportunidade que
está tendo nesta escola”, finalizou.
Ainda contribuíram no debate com
depoimentos, a diretora da E.E.”Francisco Manoel, a professora do CAIC,
Elisângela e o jornalista Márcio Sabones. Em conversa com a aluna Kimberly
Freitas Amaral, de 12 anos, perguntamos sobre o que ela achou do debate e a
resposta da menina foi imediata : “Eu
aprendi muito. Foi muito bom escutá-los e estou muito feliz pela vinda de
todos. Gosto muito da minha escola e de estudar, e eles nos ensinaram que
devemos fazer o nosso melhor. E vamos fazer. Obrigada.”
Márcio Sabones
(Matéria assinada por este jornalista no
Jornal Voz de S. João, edição 5485)
(Matéria assinada por este jornalista no
Jornal Voz de S. João, edição 5485)
Fotos:
Márcio Sabones
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