Procissão da Santinha do Tambor é tradição em Taruaçu

Carro de boi leva imagem de Nossa Senhora das Dores em trajeto do paredão do Tambor até a Igreja Matriz de Taruaçu (Foto: Sebastião Barbosa)


O distrito de Taruaçu em São João Nepomuceno é conhecido como um lugar tranquilo, de belas paisagens naturais, casarões antigos, clima ameno, produtor de cachaça e de religiosidade ímpar.
Neste último item, o local preserva uma igreja de dois séculos de existência, a matriz de Nossa Senhora das Dores.

Taruaçu que também já foi escrito Taru-Assú em tempos remotos quer dizer na língua indígena “Céu Grande”, e tem data de fundação no ano de 1.822. Mas antes disso, já era um pequeno povoado com fazendas de café ao redor e assim como Roça Grande, outro distrito são-joanense eram passagens e estadias de rotas de tropeiros.

Uma tradição taruense  é a procissão com a imagem da santa desde a região do tambor, onde existe um oratório, até o altar da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Os taruenses promoveram bonito cortejo no último sábado (15/9).

O trajeto por estrada vicinal (chão) é realizado em caminhada e a imagem é transportada por um belo carro de boi. O ato, conforme a história do local busca fartura, alegria e união da população. Ainda no evento, a realização de uma missa, música ao vivo e quermesse no adro da Igreja.

O Distrito de Taruaçu em São João Nepomuceno esteve em comemoração entre os dias 9 a 15 de setembro, da Festa da Padroeira de Nossa Senhora das Dores com realizações de missas, procissão, cavalgadas, barracas e músicas.


Realização da Missa na Igreja de Nossa Senhora das Dores no distrito de Taruaçu (Foto: Sebastião Barbosa)


A HISTÓRIA DA SANTINHA DO TAMBOR CONTADA POR 
MORADORES DE TARUAÇU

Em uma visita ao distrito, e um bate papo com moradores, entre eles Paulo Gomes “Sampaio”, atual presidente da Comissão de Desenvolvimento de Taruaçu (CODET) e os irmãos Cesár e Walter Willy Fávero, uma história antiga diz que um padre e fiéis do Ceará chegaram a Taruaçu no início do século XIX, devido a perseguição de cangaceiros no nordeste brasileiro.

Paredão do Tambor. No local um pequeno oratório resguarda a imagem da santinha (Foto: Márcio Sabones)

Taruaçu ficava em uma rota utilizada por tropeiros desde os tempos da mineração do ouro em Vila Rica e Mariana. E por lá, um grande movimento de pessoas, pois a rota ligava os estados de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, um caminho alternativo para fugir da conhecida Estrada Real, esta que aplicava cobranças dos impostos (quinto e derrama) da Coroa Portuguesa.
Pequeno oratório sa santinha do Tambor


Assim, as famílias cearenses instalaram tendas naquela localidade, entre elas Lima e Ferraz. Acostumados com a seca nordestina desfrutaram de um clima ameno e úmido por aqui, até que certa vez, uma seca na região fez com que o padre e os fiéis repetissem o ato utilizado no Ceará, o de promover uma procissão com a imagem da santa.

Desta maneira, a procissão percorria o caminho entre a Igreja até a região do Tambor, uma mata que fica cerca de um quilômetro de distância e apresenta um paredão de pedra, local este que dava lugar a um altar improvisado para a imagem da santa. Até os dias de hoje, o caminho do cortejo da santinha é o mesmo.

Diz a história, que após esse episódio, a chuva chegou para a alegria dos taruenses e os nordestinos ali alojados. E que nos dias seguintes, o padre alertava a população do sumiço da imagem da santinha do altar da Igreja.
Distrito de Taruaçu em São João Nepomuceno (Foto: Márcio Sabones)
E para o espanto e curiosidade de todos,  a imagem sempre era encontrada no paredão do tambor.
Desta forma, um pequeno oratório foi construído no local e dentro dele, a imagem da santinha, e que mesmo quebrada segue por lá até os dias atuais.

Igreja de Nossa Senhora das Dores - Distrito de Taruaçu em São João Nepomuceno (Foto: Márcio Sabones)


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