Emoção e fé na encenação da Paixão de Cristo



Encontro de Jesus e Maria, momento de emoção no espetáculo

A cidade de São João Nepomuceno é uma das poucas do país que tem a honra de presenciar e acompanhar uma representação teatral da “Paixão de Cristo” durante a programação da Semana Santa.


Na noite da última sexta-feira (25/03), a Praça da Bandeira ficou repleta de fiéis para assistir o trabalho da Cia de Teatro Novos Horizontes de São João Nepomuceno que por mais de três décadas levam o espetáculo a comunidade são-joanense. Esse ano, cerca de 150 pessoas estiveram na produção e elenco desta que é uma das maiores e reconhecidas apresentações religiosas do Brasil. 

O jornalista que escreve esta matéria pede licença para descrever em primeira pessoa os detalhes da apresentação que durou quase duas horas com as passagens bíblicas de Jesus nas terras do oriente médio como seu batismo por João Batista, a tentação, a fé, os ensinamentos, os milagres, a condenação e a crucificação.
Santa ceia, momento de compartilhar, entrega e aprendizado
Eu já tive o prazer e trabalhar por cinco anos nesta produção dos Novos Horizontes na área de dublagem. Esse ano estava na cobertura jornalística, próximo ao palco e de lá conseguia sentir a emoção, a força e a transpiração de artistas e da fé de um momento único e de pura reflexão. 

Foi difícil não ficar encantado com a beleza do cenário, figurinos e dos artistas. Difícil não se arrepiar com a sonoplastia e um roteiro já conhecido, mas que tão forte toca em nossos corações com os exemplos deixados pelo homem de Nazaré. Difícil não se sentir protegido pela grandeza dos milagres do filho de Deus. Difícil não se curvar com a humildade de Cristo no momento do lava pés e se encantar com a nobreza de compartilhar na santa ceia. Difícil não se revoltar com a traição de Judas. Difícil mesmo não chorar com a condenação e o sofrimento de Maria ao ver o filho inocente vítima de vaidosos, egoístas e prepotentes governantes. Difícil não sentir a dor daquele que sofreu e morreu por nós. Difícil falar uma simples frase ou segurar uma lágrima com o canto de Maria ao ter o filho morto e com o corpo todo machucado em seu colo. 

Maria com o filho morto no colo. O sofrimento das mães representado na cena
A encenação é de uma história contada por 2000 anos e que ainda é atual; e infelizmente traz consigo um sofrimento que é sentido por várias mães ao perder seus filhos para o tráfico de drogas, guerras de gangues e uma violência que toma conta de nossas ruas e cidades. A falta de humildade, amor, carinho, fé, compaixão, cidadania e respeito. É disso que trata a encenação da “Paixão de Cristo”, uma mera coincidência com os tempos atuais com governantes narcisistas que pensam no próprio umbigo e que são capazes de destruir inocentes por interesses próprios, de falsos amigos que traem e derrubam o próximo por um simples “tostão de dinheiro” ou uma posição de destaque em uma empresa, por exemplo.

Jesus passou por isso, sacrificou a própria vida para nos ensinar e mesmo assim, dois milênios depois, nós estamos assistindo as mesmas penas, perdas e covardias. Que esta apresentação na Semana Santa sirva de reflexão a todos e a todas. Que o amor de Jesus tome nossos corações e assim possamos construir um mundo melhor. A começar em nossas casas. Que o corpo enterrado do Senhor todo machucado renasça limpo, sem feridas e que venha para abençoar. E que nossas feridas, perdas e tristezas possam ir embora, mas assim como Jesus, as estigmas ficaram nas mãos e nos pés como marca de uma época cruel e que não voltará. Que nossas estigmas sirvam apenas de marcas de um passado que não se repetirá. Que sejam ensinamentos, conhecimentos e acima de tudo amadurecimento.  Beijo e uma feliz Páscoa a todos. 

Jesus retornará dos mortos

VÍDEO REPORTAGEM DO PORTAL FATOS NET

 
 Por Márcio Sabones

Fotos: Márcio Sabones

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