Membros do MOCIR com convidados na feijoada (Foto: Márcio Sabones) |
O Movimento de Conscientização e
Integração Racial de São João Nepomuceno (MOCIR), reuniu membros e convidados
para três dias de eventos, na lembrança da data de 13 de maio, dia da abolição
dos escravos no Brasil, depois da assinatura da Lei Áurea, pela Princesa
Isabel, em 1.888.
Durante o fim de semana, uma mesa
de debates, uma roda de capoeira e um almoço foram realizados pelo movimento na
cidade. No primeiro evento, na sexta-feira (13), diversos membros do MOCIR
discutiram e refletiram o dia 13 de maio.
Mestre Faguinho e Dr Santos |
Em conversa com o diretor do MOCIR, o
vereador e médico, Dr Carlos Alberto Santos disse sobre o assunto. “Não foi a
Lei Áurea que libertou os escravos, pois antes disso, outras leis dos
abolucionistas já haviam sido decretadas, como o “Ventre Livre”, “Sexagenário”,
“Eusébio de Queiroz”, etc. E quando a Princesa Isabel assinou a lei, sob
pressão na época, ela apenas tirou o negro da senzala e deixou-os nas ruas, na
vagabundagem, sem emprego. Pode-se dizer que foi o início de nossa liberdade,
sem a escravidão, pois até hoje, temos de lutar a cada dia, por condições
melhores, porque há 100 anos saímos na desvantagem e encaramos o preconceito e
outras coisas piores até hoje”, explicou Dr Santos.
No sábado (14), o calçadão da Rua
Cel José Dutra, no centro de São João Nepomuceno, recebeu o grupo de capoeira
“Mata Fechada” do Mestre Faguinho. O esporte foi reconhecido há pouco tempo
como Patrimônio Cultural da Humanidade pela dança, luta, ginga, ritmo, crença e
identidade.
Apresentação da capoeira "Mata Fechada" no calçadão de São João Nepomuceno |
O mestre disse dos valores da capoeira e da cidadania. “A capoeira
é de todos. Temos muitos capoeiristas na cidade e respeitamos todas as
diferenças, seja ela na cor de pele, na crença, na condição social, etc”,
comentou e ainda sobre o preconceito, mestre Faguinho disse que já sofreu. “Se sair nas ruas com uma roupa comum, que não
seja o uniforme da capoeira, certamente deparo com olhares desconfiados e
negativos. Não é bom ser rejeitado, mas com a capoeirasomos respeitados e
podemos mostrar nossa cara”, completou.
Quadra da ESACA recebeu um bom público para a feijoada |
E no domingo (15), um almoço com
a deliciosa e tradicional feijoada africana, na quadra da ESACA. Por lá, uma
decoração do tema, música ambiente com as principais vozes negras do Brasil e
uma deliciosa refeição. Além disso, a sobremesa com um
saboroso “arroz doce”.
Por Márcio Sabones
Fotos: Márcio Sabones
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