São-joanenses trabalham nos Jogos Olímpicos Rio-2016

A jornalista Lara Gruppi e o podólogo Sandro Alves nos bastidores do maior evento esportivo do planeta
Dos dias 5 a 21 de agosto, o mundo parou para assistir os jogos olímpicos do Rio de Janeiro. Grandes atletas, milhares de torcedores, recordes, conquistas, estrelas do esporte e surpresas. Em meio a tudo isso, dois são-joanenses. 


A jovem jornalista Lara Prata Gruppi de 22 anos de idade, filha de Herênio Barbosa Gruppi e Simone Signorett Prata Gruppi, irmã de Laísa e que atualmente trabalha para a emissora SporTV do Rio de Janeiro. Lara trabalhou na cobertura dos jogos para a televisão e acompanhou diversos esportes ao vivo. Do outro lado dos jogos, dentro da Vila Olímpica, o podólogo e massagista Sandro Alves de 45 anos, casado com a carioca Patrícia Ganzenmüller Moza e pai do jovem Gabriel Ganzenmuller Alves (fundador e diretor dos Centauros FA de SJN). Sandro foi convocado para a sua segunda olimpíada, pois esteve também em Londres 2012. Podólogo da equipe médica do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) ficou de plantão na Vila todos os dias dos jogos para atendimentos dos atletas.

Lara com a tocha olímpica na redação do canal Sportv (foto: arquivo pessoal)
Nossa reportagem conversou com esses dois profissionais para conhecer um pouco da história deles e de suas funções nas olimpíadas.No último ano de jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e trabalhando há três anos na área, Lara já foi assessora de imprensa e produtora do Jornal da Band, mas sempre almejou o jornalismo esportivo; e no final do ano passado foi para a SporTV, onde trabalha restritamente com cobertura de esportes. 

Lara explica como trabalhou na cobertura olímpica. “Durante os jogos fiquei na equipe de transmissão do Sportv3, um dos nossos canais premiums. Tivemos 16 canais no total. O Sportv 1, 2 e 3 eram canais premiums, onde eram transmitidas as principais modalidades e jogos dos brasileiros. O Sportv 4 era o canal de jornalismo, 24 horas ao vivo com notícias olímpicas. E os demais, eram canais de modalidades específicas. Eu fui no maior número de lugares possíveis, na Arena de Vôlei de Praia, Maracanãzinho, Parque Olímpico, pude ver grandes atletas brasileiros e estrangeiros também. Acho que o momento em que vi o Michael Phelps [nadador americano e maior vencedor de medalhas da história dos jogos] foi o mais emocionante, ter a oportunidade de ver um dos maiores atletas mundiais de perto é um privilégio. Como não estava na equipe de externa, meu contato com eles foi mais como torcedora mesmo, sempre que sobrava tempo ia em algum local de competição para pode acompanhar tudo”, explicou Lara.

Sandro em Deodoro no tanque de canoagem (Foto: arquivo pessoal)
Ao contrário dela, o podólogo Sandro Alves que desde 1995 trabalha como massagista e 2007 como podólogo, duas passagens no Fluminense (RJ) e dono de uma clínica “na cidade garbosa” teve contato com todo time Brasil das Olimpíadas, exceto o time de futebol masculino que ficou em um hotel. “O COB evita misturar o futebol com os outros esportes, eles preferem assim.
Sandro e a ginasta Jade Barbosa na Vila Olímpica
A equipe médica do time Brasil chegou a Vila Olímpica no dia 24 de julho, e de lá observamos e atendemos os atletas. Presenciamos o problema com a delegação da Austrália e outras delegações na chegada, e vimos que aquilo aconteceu porque abriram a vila sem ter terminado em alguns prédios que estavam com alguns entulhos de obras nos corredores, poeiras e vazamentos de água. Nosso dormitório estava tudo bem, mas acredito que o deles não, e daí as reclamações, mas que foram solucionadas rapidamente. A estrutura da vila é grande e com área de lazer (vídeo games, TV, jogos), piscinas, jardins e só para ter uma ideia, o refeitório tinha 500 metros de comprimento, eram atletas e dirigentes do mundo inteiro e a alimentação também era preparada para cada região do planeta. Tinham gôndolas (balcões) de comidas italianas, chinesas, brasileiras, mediterrâneo, árabe, tudo mesmo. Quando chegamos à vila Olímpica fomos orientados em não incomodar os atletas, e nos primeiros dias o tenista espanhol Rafael Nadal estava no refeitório se servindo e daí algumas pessoas começaram a pedir uma selfie com ele. De longe observava a cena dele segurando a bandeja e tirando fotos com outros atletas, dirigentes, voluntários, etc. No dia seguinte, o COI já havia providenciado segurança para o tenista e aí ele almoçou em paz (risos)”.

Lara e equipe da Sportv
A organização do COI foi elogiada pela jornalista Lara que observou a rápida ação para corrigir erros. “Sobre problemas ou dificuldades só tive mesmo no primeiro dia, para deslocar de um lugar para o outro. É sempre aquele dia de experiências e parece que o Comitê observou tudo que deu errado e ajeitou rapidinho. Claro, tivemos problemas, mas nada que se sobrepusesse aos pontos positivos”. Ainda sobre a organização do evento, Sandro disse que além da equipe médica para o time Brasil, foi instalada dentro da Vila Olímpica uma Policlínica com médicos e enfermeiros voluntários para atender os atletas de outros países, como por exemplo, os mais pobres (com equipe médica reduzida ou sem equipe para os jogos).

Sandro teve a oportunidade de assistir somente as competições de canoagem e ciclismo BMX em Deodoro, onde também deu o apoio com a equipe médica brasileira. “O nosso atendimento na vila era das 8h às 22h e por lá passaram para cuidar de seus pés os atletas da ginástica, olímpica e rítmica, vôlei feminino, vôlei de praia, do basquete masculino e feminino, esgrima, atletismo entre aqueles que necessitavam dos cuidados. O difícil era fazer os treinadores entenderem que seus atletas precisavam dar uma parada nos treinamentos para os tratamentos, pois tudo é corrido na competição que é curta e não podem perder tempo”.

Sandro e o atleta do basquete masculino Guilherme Giovannoni (Foto: arquivo pessoal)
Voltando ao trabalho do jornalismo esportivo, Lara contou sobre o trabalho em equipe para o grande evento. “A cobertura foi incrível, como ficava no controle de transmissão com a mesma equipe todos os dias, acabamos criando um vínculo familiar, tinha gente que só ia em casa pra dormir e voltava. Estar ali vivendo isso, acompanhando as medalhas e poder produzir tudo pra quem não pode estar “in loco” se sentir na Rio2016 foi uma tarefa deliciosa e muito bem feita por toda equipe do Sportv. Me emocionei do início ao fim, eu sou muito chorona, então cada disputa era um motivo para lágrimas. De felicidade e orgulho, claro. No Brasil o incentivo ao esporte ainda é minúsculo, nós temos atletas incríveis e provamos que não somos só o país do futebol, somos o país do Isaquias, da Rafaela, do Tiago Braz e de tantos outros que batalharam muito para estarem ali nos representando. Eles superaram as dificuldades, a falta de apoio e provaram para todos que são capazes sim. Agora estamos preparando a equipe SporTV para a cobertura dos Jogos Paralímpicos que começam no dia 7 de setembro”. Sandro não estará na equipe médica da Paralimpíada, uma outra equipe já foi convocada pelo Comitê Paralímpico do Brasil.

Por Márcio Sabones
(matéria especial assinada por este jornalista no jornal Voz de S. João,
edição nº 5472 de 26 de agosto de 2016)

Fotos: Arquivos pessoais

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