São-joanense consegue vaga para mundial de triathlon e não viajará para o Hawai

Atleta segue na liderança do ranking em sua categoria e pretende planejar sonho para o ano de 2018 (Fotos: Arquivo pessoal)

Algumas situações em que a vida coloca uma interrogação na trajetória de uma pessoa. Para entender a história do são-joanense Kaydson Silveira Rabello, de 28 anos de idade, filho do também nadador Ricardo Alves Rabelo, da equipe SESI-SJN e de Sônia Bastos da Silveira Viana, a Voz de S. João leva o leitor até a 3º etapa internacional do X-Terra de Triathlon em Ilha Bela (SP), nos dias 13 e 14 de maio, quando o jovem conquistou a 3º colocação da categoria 25-29 anos.

Nesta competição que reuniu mais de 300 inscritos, os triatletas competem natação, corrida e bicicleta; no caso de Kaydson, 8,2km de corrida em mata fechada, sem a luz do sol com lodo, lama, pedras e muitos machucados e torções no tornozelo.

Momento da largada em Ilha Bela

Na natação 1,8km de braçadas com largada na praia Pereque e 24,2km de pedaladas na Mountain Bike pelas trilhas próximas as cachoeiras e trechos escorregadios durante os dias de intensas chuvas, antes e durante a competição.

Desta forma, entre corredores brasileiros e estrangeiros, o são-joanense foi o terceiro colocado da categoria, sendo o segundo melhor brasileiro; e este resultado deu a ele a primeira colocação do ranking nacional do X-Terra, pois nas duas primeiras etapas, em Ibitipoca e Ipatinga conseguiu ficar em 3º e 2º colocado, respectivamente. 

Como a etapa de Ilha Bela era mundial, os dois melhores de cada categoria garantiam vaga para a etapa do Hawai que acontecerá no mês de outubro. 

Por falta de patrocínio, Kaydson encontrou dificuldades para participar do evento

“No mesmo momento, euforia e comemoração pela minha colocação numa das etapas mais difíceis do ano e também a frustração de saber que seria impossível viajar e participar do triathlon no Hawai. Tenho outras prioridades (compromissos já agendados) e também a impossibilidade de bancar sozinho, a minha ida, pois só de passagens calculo um gasto de R$12 mil, aproximadamente. Tive que abrir mão de minha ida, e a vaga ficou para o próximo brasileiro melhor colocado”, explicou Kaydson, que mesmo no momento de decepção mostrou maturidade e confiança dizendo.

“Não foi uma decisão fácil. Consultei alguns amigos que já participaram da prova no Hawai sobre os gastos com passagens, estadias, alimentação e percebi que seria muito difícil, pois não tenho patrocínio e nem clube. Tomei essa decisão, pois tenho que cumprir meus compromissos desse ano aqui no Brasil, e vou treinar forte para ser o campeão geral, até o final das 12 etapas do X-Terra. Caso consiga, eu terei as inscrições de todas as etapas do ano bancadas pela organização, e isso facilita e economiza. Vou continuar treinando muito e deixar para realizar meu sonho em 2018, e enfim conhecer e competir no Hawai”, explicou.

São-joanense no pódio da competição

Kaydson treina de nove a quatorze horas por semana, sendo de uma a três horas e trinta minutos por dia, isso dependendo da intensidade do treino que pode aumentar ou diminuir na véspera das competições. 

“É o terceiro ano que participo do X-Terra Triathlon. Na primeira vez em 2014, eu entrei pela categoria revezamento, onde apenas nadava e tinham outros dois atletas em minha equipe, um para correr e o outro para a bicicleta. Em 2015 fiquei em 7º e no ano passado em 3º lugar, porém a vaga ficou no quase”, lembrou.

A trajetória

Até os 16 anos de idade, Kaydson vivia em Mar de Espanha com a mãe, e veio para São João Nepomuceno morar com o pai que o levou para treinar na piscina do Botafogo FC com o mestre Ricardo Faustino. 

Ele nadou até entrar na faculdade, quando deu uma pausa; retornando anos depois em Juiz de Fora pela equipe do Jesuítas com os professores Edinho e Marcelo Bara. 

A segunda pausa veio porque começou a trabalhar e o tempo ficou escasso. Retornou a praticar esportes depois de se formar da Faculdade e em Bicas, cidade onde vive com a esposa atualmente passou a treinar ciclismo, pois não existe uma equipe de natação. 

Em 2015, inscreveu no X-Terra para o Triathlon e treinou sozinho o ciclismo e corrida. Percebeu que precisava de um olhar e orientação profissional, e desde o início de 2016, o professor Vitor Rosseti, diretor técnico da Federação de Triathlon do RJ e natural de Teresópolis passou a treiná-lo nos esportes e junto a essa parceria, os excelentes resultados nas competições. “Ainda treino natação em São João. Aqui fica perto de Bicas e tem ótimas piscinas para treinar, como o Botafogo e o SESI”, explicou.

Além do pai, a avó materna, Neusa Alves Rabelo também fez parte das equipes de natação são-joanense, inclusive da primeira equipe da cidade, o Mangueira FC, na década dos anos 50. 

“Sou a terceira geração de nadadores de minha família. Infelizmente não pude acompanhar a trajetória de minha avó, pois quando comecei a nadar, ela já estava parando, mas meu pai até hoje está nas águas, são mais de três décadas de natação. Ele me dá o respaldo e sem dúvida é o meu incentivador, e de muitos que nadam com ele no SESI. Ainda temos na família a minha irmã Kaylane, de 11 anos de idade que vem muito bem nas competições que participa batendo recordes, vencendo etapas e é motivo de orgulho pra todos nós. Temos as preocupações que são comuns, ela é muito nova, quem sabe pode conseguir treinar em clubes gigantes da natação brasileira. Mas isso ainda é cedo, e tenho a felicidade de vir de Bicas pra São João treinar ao lado de meu pai e minha irmã”.

 Kaydson encerrou a entrevista agradecendo a todos que torcem pelo seu trabalho e deixou uma mensagem. “Nunca pare de praticar esporte. A disciplina é gratificante e você conseguir auxiliar com o trabalho, a família e aos amigos, o torna ainda melhor”, finalizou.

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